Dois fatores combinados garantiram ao mercado de veículos usados reação bem mais acelerada do que os negócios de zero-quilômetro em 2020. Se a pandemia de coronavírus impactou negativamente o setor entre março e maio, com o fechamento de lojas e natural retração dos consumidores, também acabou favorecendo as vendas de automóveis de segunda-mão nos meses seguintes, por causa da mudança de comportamento das pessoas que procuraram trocar o risco de contágio no transporte público pela mobilidade individual mais segura. Outro fator não menos importante que canalizou demanda às revendas de usados foi o encarecimento e a falta de vários modelos novos de motos, carros e caminhões para entregar.
Segundo a Fenauto, associação que reúne as revendas independentes de usados, o setor superou a crise de 2020, apesar de não ter conseguido compensar totalmente o buraco deixado pelos meses de fechamento das lojas e incertezas do consumidor.
“Fazendo um balanço geral, considerando todas as dificuldades causadas pela pandemia, como o isolamento social, fechamento do comércio e paralisação dos Detrans, nosso setor reagiu rápido. Embora o resultado anual não tenha ficado dentro das expectativas do começo de 2020, o desempenho do segmento foi muito satisfatório. Esperamos continuar com esses dados positivos nos próximos meses, em função dos novos hábitos e comportamentos dos consumidores”, afirma Ilídio dos Santos, presidente da Fenauto. |
De acordo com dados divulgados na quinta-feira, 7, pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), as vendas de veículos leves (automóveis e comerciais leves) usados somou 9,45 milhões de unidades em 2020, número 13,8% menor do que o verificado em 2019 – e cerca de metade do porcentual de contração do mercado de zero-quilômetro (-26,6%) no ano passado, mostrando recuperação mais rápida do setor.
Com isso, houve crescimento do índice que mede a relação entre os dois segmentos: no ano foram transferidos 4,9 veículos leves usados para cada novo emplacado, enquanto em 2019 esse índice foi de 4,1 e em anos passados de economia aquecida chegou a ser de apenas três para um.
Em dezembro isoladamente, foram negociados 1,2 milhão de automóveis e utilitários leves, em alta de 15,3% sobre novembro e forte expansão de 21,3% na comparação com o mesmo mês de 2019.
CAMINHÕES USADOS TÊM FORTE PROCURA EM DEZEMBRO |
A falta de caminhões novos no mercado também canalizou a demanda para os usados em 2020, que terminou com 33,6 mil unidades negociadas, em queda de 8,4% sobre 2019 (contra retração de 12,3% nos emplacamentos de novos). A relação foi de 3,7 caminhões transferidos para cada zero emplacado, quase igual ao índice de 3,7 para um registrado um ano antes.
Em dezembro, com o aumento da procura por veículos de carga e limitação das fábricas em atender toda a demanda, os negócios de usados somaram 37,2 mil caminhões e superaram em impressionantes 33% os volumes negociado no mês de 2019, também em alta de 4,3% sobre novembro.
ÔNIBUS USADOS TAMBÉM PREJUDICADOS PELA CRISE |
No segmento de ônibus a crise da pandemia foi severa e praticamente igual tanto para veículos zero-quilômetro como para usados. Ambos os mercados registraram quase o mesmo índice anual de queda entre 2019 e 2020: 33% menos no caso de novos (18,2 mil unidades) e retração um pouco maior, de 33,7%, nos negócios com produtos de segunda-mão (total de 33,6 mil transferências).
O número de ônibus usados transferidos para cada zero emplacado permaneceu estacionado em 1,8 para um, se mudança em relação a 2019.
Em dezembro houve leve recuperação, com a negociação de 3,9 mil ônibus usados, o que equivale a expressiva alta de 26% ante novembro e pequeno crescimento de 4,2% na comparação com o último mês de 2019.