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Toyota mantém lançamento de seu SUV brasileiro para 2021

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Em meio às muitas incertezas geradas pela pandemia de coronavírus que paralisou todas as fábricas de veículos no País, a Toyota aponta uma certeza importante: está mantido para 2021 o lançamento de seu primeiro SUV nacional (a fabricante não confirma ainda que é um utilitário esportivo compacto, mas não se encontra ninguém no mercado que aposte em algo diferente disso), que envolve investimentos de R$ 1 bilhão na planta de Sorocaba (SP), conforme anunciado no ano passado na sede da companhia no Japão. A planta, assim como todas da Toyota no Brasil, está parada desde 24 de março e só deve retomar a produção em 24 de junho, com três meses de paralisação.

A confirmação de que os investimentos para produzir o novo modelo em Sorocaba continuam na agenda foi feita pelo diretor industrial da planta, Ademir Canal, que na terça-feira, 28, participou de transmissão ao vivo promovida por Automotive Business, em mais uma das entrevistas com lideranças do setor da série Lives #ABX20 (assista aqui esta e outras lives já gravadas e veja o calendário das próximas). Com o tema Como a tecnologia ajudará as fábricas a sair mais rápido da crise do coronavírus, Canal esteve na entrevista ao lado de Luciano Lorenzo, consultor de novos negócios da Dassault Systèmes, um dos prindipais fornecedores de tecnologia de informação para desenvolvimento de produtos e produção da indústria automotiva.

“Tivemos de priorizar a segurança e a saúde do empregados, deixamos todo mundo em casa com a chegada da pandemia. Com a paralisação da produção, alguns projetos serão postergados, alguns serão alterados e outros terão continuidade – entre eles está o lançamento de um novo modelo no ano que vem. Continuamos trabalhando nisso [em Sorocaba para a fabricação do novo produto na planta]”, disse Ademir Canal.

Há 15 anos na Toyota, o engenheiro começou a trabalhar em Sorocaba em janeiro passado, depois de ajudar a coordenar outra grande renovação na fábrica de Indaiatuba, que passou também por grandes investimentos de R$ 1 bilhão para produzir o novo Corolla, lançado em setembro do ano passado. Segundo Canal, ainda que existam muitas incertezas no horizonte sobre a evolução da pandemia e da crise econômica que ela provoca, a intenção da fabricante é retomar a produção até o fim de 2020 em níveis parecidos com os de antes da paralisação das linhas.

“Vamos sofrer um período de fortes incertezas. É neste momento que precisamos usar o TPS (Toyota Production System) para não ter perda de produtividade na volta à produção”, destaca Canal. “Após três meses parados, perdemos de 30 mil a 35 mil veículos [do total] que estavam nos nossos planos produzir este na [no Brasil]. Vamos retornar com mais automação e queremos manter o volume planejado para os próximos meses, após o rump up (retomada gradual da produção), que acontece entre o fim de junho a meados de julho”, afirma.

“Uma das vantagens do TPS é que ele nos dá condições de reagir rápido [às oscilações do mercado], com produção puxada pela demanda. Também atendemos outros países e se existir procura nós atenderemos rapidamente essa demanda”, acrescenta o diretor da Toyota.

DEMANDA POR TECNOLOGIA EM ALTA

A pandemia de Covid-19 suspendeu muitos planos, mas eles continuam a ser desenvolvidos, com alta demanda por tecnologia para voltar a produzir de forma mais eficiente – leia-se custos menores e produtividade maior –, segundo a leitura de Luciano Lorenzo, da Dassault Systèmes: “A crise do coronavírus trouxe incerteza brutal, que tem grande impacto no curto prazo. Mas fica claro que não será fácil sair desse momento sem usar tecnologia, então entendo que o uso das ferramentas tecnológicas na indústria vai crescer e podem ser determinantes no enfrentamento da incerteza, porque ajuda na tomada de decisões e isso é essencial para que empresas saiam melhores das crise”, explica.

Lorenzo reconhece que neste momento as vendas desapareceram, mas diz que as empresas – e ele – continuam trabalhando intensamente nos planos para um futuro mais eficiente, o que envolve adoção de maior automação na fábricas, adoção de sistemas avançados de manufatura da Indústria 4.0, conexão entre máquinas e pessoas. “A tecnologia vai garantir condições de seguir com desenvolvimento e negócios futuros. Quando acontecer a retomada teremos novos cenários, de demanda, de operações. A tecnologia ajuda nesse processo, dá segurança para lidar com previsão de demanda e tomar decisões assertivas, com velocidade e flexibilidade de reação”, avalia o consultor da Dassault.

“Do ponto de vista tecnológico, quem estiver mais preparado vai conseguir lidar melhor com incertezas e passar pela crise. No médio prazo, a tecnologia será vital para ajudar na transformação dos negócios. Indústria automotiva já estava em transformação e isso continua”, lembra Luciano Lorenzo.

Canal concorda e lembra que o uso de tecnologia nas fábricas brasileiras da Toyota vem crescendo ano a ano, com aplicação de mais automatização e robôs, planejamento virtual de linhas de manufatura e desenvolvimento de capital humano. “Não é só após crise que pensamos nisso, já vínhamos trabalhando fortemente em automação, é uma ferramenta importante para indústrias se tornarem competitivas. Aceleramos curva na fábrica de Indaiatuba, onde a funilaria (solda) já está 96% robotizada; em Sorocaba estamos perto de 70% e temos projeto de acelerar. Também preparamos as pessoas internamente para fazer automação – antes tínhamos desafio muito grande de ter auxílio da matriz para isso, agora conseguimos fazer sozinhos”, afirma o executivo.

“A questão agora é que precisamos avaliar bem o investimento, entender o que vamos postergar, ter fluxo de caixa. Podemos adiar alguns planos, mas temos em mente uma curva de crescimento de automação [nas nossas fábricas]”, pondera Canal. Ele destaca ainda que a expansão de processos automatizados não deverá gerar desemprego na Toyota, porque a empresa tem o objetivo de transferir para outras atividades as pessoas que foram substituídas por robôs. Uma dessas atividades, por exemplo, é a fabricação interna de maquinário de produção, como os AGVs (carrinhos autônomos que fazem o transporte interno de componentes para abastecer as linhas) que hoje estão sendo montados em Sorocaba.

“Falamos muito da parte técnica, mas precisamos preparar a parte mental das pessoas para o reinício da produção. Todos estão preocupados com emprego. Estamos falando sempre com colaboradores, que estão com muita vontade de voltar. Com os cuidados que estamos tomando para o retorno e com o TPS teremos retomada à altura do mercado”, diz Ademir Canal.

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