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População do campo cresce e jovens encontram oportunidade de trabalho no agronegócio

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Apesar dos sobrenomes já conhecidos, há caras novas tocando o agronegócio catarinense. Os jovens fazem uso do conhecimento especializado, adquiridos nas universidades, e da tecnologia de ponta para unir o útil ao agradável e dar seguimento ao agronegócio familiar. Segundo o Censo Agro 2017, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), das 501.811 pessoas que trabalham em estabelecimentos rurais em Santa Catarina, 81% possuem laços de parentesco com o produtor.

Além disso, quando comparamos os dados de 2017 com o Censo Agro de 2006, há um grande avanço no quesito escolaridade dos produtores. Em 2017, 41.640 dos estabelecimentos agropecuários possuíam produtores que tinham escolaridade média ou superior. Sendo que 11.323 desses produtores tinham nível superior, mestrado ou doutorado. Já em 2006, apenas 13.028 produtores tinham ensino médio ou segundo grau de escolaridade completos.

Do êxodo rural para a modernização do agronegócio

Típico dos municípios de economia essencialmente rural, o êxodo do campo era comum em Santa Catarina, principalmente entre os jovens, que saiam da sua cidade natal em busca de estudos e novas oportunidades e que muitas vezes não mais queriam voltar para o agronegócio familiar.

Nos últimos 20 anos, vem sendo constatada uma mudança significativa entre o comportamento dos jovens nascidos em famílias que são proprietárias de agronegócios no estado. Os jovens que antes não tinham interesse em retornar ao campo, atualmente, estão vendo no agronegócio familiar uma oportunidade para trabalhar e aplicar seus conhecimentos oriundos de investimentos em formação e aperfeiçoamento profissional.

Importantes cadeias produtivas como as da avicultura, suinocultura e bovinocultura conseguiram elevar seus níveis de produtividade e rentabilidade com o uso da tecnologias e da mão de obra qualificada. O resultado de toda essa equação é a renda. Com renda maior, as famílias obtêm, no campo, conforto e comodidade e não querem mais sair dali.

Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, contribuir para o sucesso das cadeias produtivas da agricultura, da pecuária e do agronegócio em geral proporciona a neutralização da migração do campo para as cidades.

— Empresários e produtores rurais que operam com eficiência suas propriedades obtêm renda – e com renda podem sustentar uma vida de qualidade. Esses não deixarão o campo. Ao contrário, atrairão novos trabalhadores, empreendedores e investidores, revitalizando o setor primário da economia — aponta José Zeferino.

Unindo conhecimento à experiência adquirida no agronegócio

Félix José Muraro Júnior, 31 anos, é agrônomo, formado na Unochapecó. O jovem trabalha na propriedade de sua família, em Chapecó, com bovinocultura de leite e de corte e com lavouras de milho, soja, trigo e aveia. Ele conta que, na época em que prestou vestibular, mesmo tendo passado para o curso de Agronomia da UDESC, em Lages, optou por estudar perto do agronegócio da família.

— Pude aliar os estudos à propriedade. Estudava na parte matutina e na vespertina estava na granja. Nos ensinamentos das aulas, eu já pensava na minha propriedade. Mas o que foi mais importante foi a convivência do dia-a-dia na propriedade. Essa sim foi a melhor faculdade. Pude conhecer todos os processos para depois sim poder cobrar dos colaboradores — destaca.

Segundo Félix, se ele não desse continuidade aos negócios da família, provavelmente a propriedade já teria sido vendida ou então uma terceira pessoa teria sido contratada para administrar o agronegócio.

— Neste primeiro momento eu quero manter e fazer crescer os negócios que meus avós fizeram, intensificando o aumento da produtividade e da rentabilidade e aproveitando melhor a terra — prospecta o jovem.

Quando perguntado sobre se há maior presença dos jovens no agronegócio catarinense, o agrônomo garante que há espaço para todos.

— O agronegócio está cada vez mais crescendo em nosso país e se tecnificando. Necessitamos cada vez mais de pessoas mais qualificadas e com entendimento em tecnologia — finaliza o jovem agrônomo.

Assim como Félix, Rafael DallAcqua, 34 anos, trabalha no agronegócio dos seus pais desde pequeno. O jovem é formado em Administração, na universidade Unopar.

— Estou sempre me atualizando para as novas tecnologias que surgem, tento levar pra dentro da porteira exemplos e resultados de sucesso quanto para conseguir melhores resultados — destaca.

A propriedade da família de Rafael fica localizada no município de Quilombo (SC) e nela, atualmente, são produzimos 600 mil litros de leite por ano. Rafael pretende chegar a produção de 1 milhão de litros de leite/ano em breve.

— O trabalho aqui começa às 5 horas da manhã e vai até à noite. Não é fácil, mas sou grato aos meus pais pelo incentivo dado por eles.

“Sou feliz e gosto do que faço, afinal, não sou empregado, e sim, proprietário” — aponta Rafael.

Agronegócio em expansão no Brasil

No último ano, a participação do agronegócio no mercado de trabalho brasileiro foi de 19,6%. No total, a população ocupada somou 93,4 milhões de pessoas no setor, registrando avanço de 2% em relação ao ano anterior. Os dados, divulgados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), mostram ainda que, quanto à qualificação da mão de obra, a tendência de aumento verificada nos últimos anos se manteve em 2019.

Além disso, a expectativa é que o agronegócio continue crescendo na economia brasileira. Segundo projeção do Ipea, divulgada em novembro do ano passado, estima-se que o Produto Interno Bruto (PIB) do setor cresça mais do que o conjunto de toda a economia brasileira em 2020.

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