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Mobilidade do futuro requer união entre os setores público e privado no Brasil

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Com o avanço da nova mobilidade, as empresas estabelecidas no Brasil têm o desafio de resolver a complicada equação de entregar tecnologias e soluções revolucionárias nos próximos anos, mas ainda garantir custo baixo para o consumidor local. Para falar sobre isso, Automotive Business entrevista com Luciano Driemeier, gerente de mobilidade e novos negócios da Ford no Brasil e um dos embaixadores do #ABX20 – Automotive Business Experience , evento que acontece no dia 27 de maio, em São Paulo.

“O uso extensivo de novas tecnologias e a criação de serviços demandarão soluções inovadoras que se adequem ao poder de compra de nossos consumidores”, diz. Ele afirma que, para fazer esta entrega, os setores público e privado precisarão unir forças e trabalhar para melhorar a competitividade local.

A seguir, Driemeier fala sobre como a Ford aborda o tema, da necessidade de acelerar estas novas entregas para construir uma boa base para a nova mobilidade e, enfim, trata das expectativas para o #ABX20.

Quais são as discussões sobre mobilidade e setor automotivo mais necessárias no Brasil neste momento?

Nos últimos anos, as discussões do setor automotivo foram ampliadas por seus atores, deixando de focar unicamente em transporte para abordar a mobilidade como um todo, um ecossistema mais amplo e integrado, no qual todos os agentes têm o seu papel e valor.

Com essa mudança de paradigma, nos voltamos cada vez mais para eletrificação, carros compartilhados e autônomos. Debatemos não só a estrutura dos veículos, seu design, as tecnologias neles embarcadas e o pacote de infotainment oferecido, mas também questões que estão intrinsicamente atreladas a esses pontos, como legislação, custos, adoção da sociedade e meio ambiente.

O debate também gira em torno do uso versus posse, do transporte de pessoas e do fornecimento de serviços, do melhor aproveitamento do tempo de transporte, de definições sobre o que desenvolveremos in house ou por meio de parcerias valiosas, decidindo estrategicamente quem serão esses parceiros.

Como estas discussões evoluem na Ford?

A Ford tem o objetivo de se tornar a empresa mais confiável do mundo ao desenvolver veículos inteligentes em um contexto conectado, tendo o consumidor no centro de todos os processos de criação e desenvolvimento.

Ou seja, essa meta também passa pelas discussões sobre as cidades e, por exemplo, do oferecimento de tecnologia avançada que permita a comunicação do veículo-com-tudo, a chamada C-V2X. Outro debate relevante gira em torno do uso e da proteção dos dados do consumidor, e, mais importante ainda, de um aspecto essencial e intangível: sua confiança e fidelização.

Todas essas discussões são extremamente necessárias e servirão de base para o futuro da mobilidade que estamos construindo no Brasil, país que tem desafios únicos.

O uso extensivo de novas tecnologias e a criação de serviços demandarão soluções inovadoras que se adequem ao poder de compra de nossos consumidores. Acima de tudo, é necessário acelerar ações públicas e privadas para melhorar a competitividade do mercado brasileiro.

De que forma o Brasil pode contribuir para a evolução da nova mobilidade no mundo?

O Brasil tem se posicionado como um dos mais importantes players desse mercado, que lideram o cenário de mobilidade. Possuímos times de engenharia altamente capacitados, responsáveis por muitas descobertas e inovações no setor; sediamos complexos modernos e produtivos, além de respeitados centros de pesquisas e desenvolvimentos, como o da planta da Ford em Camaçari (Bahia), um dos oito no mundo; e criamos e fabricamos veículos conectados e de alto desempenho, muito desejados pelos consumidores.

Acredito que, no Brasil, a transição para este novo cenário se dará por meio de veículos eletrificados, seguindo uma tendência global, maximizando a diversa matriz energética do nosso país e a infraestrutura oferecida localmente.

Sabemos que a implementação de uma infraestrutura moderna e que atenda às demandas de veículos conectados e autônomos requer um alto custo de investimento, muitas vezes escasso em nosso país. Por isso, entendo que o melhor caminho é aquele que passa pela união de forças entre os poderes públicos e os atores privados.

Podemos quebrar muitos outros paradigmas usando a tecnologia para melhorar a vida das pessoas. O mesmo se dá, por exemplo, com a legislação, que passará por grandes mudanças que contemplem e garantam a segurança de novos modelos de negócio e investimentos que surgirão a partir das novas tecnologias.

O Brasil terá um espaço de protagonismo neste novo contexto?

Até por ser uma questão global, acredito que o Brasil poderá se inspirar em países onde essas discussões já estão mais avançadas, mas também terá que incentivá-las e promovê-las localmente, envolvendo diversos setores da sociedade, para buscar ideias e respostas, tendo a consciência que esse será um trabalho em constante aprimoramento.

Temos uma visão otimista do futuro com a consciência de que o Brasil deve adotar ainda mais esse comportamento de liderança em relação à eletrificação também como forma de incentivar o desenvolvimento da tecnologia localmente.

Para que esse incentivo ocorra e o custo da tecnologia caia, o mercado depende de escala e, para ter escala, temos que ter infraestrutura compatível e legislação minimamente estruturada. Ou seja, estamos falando de um ciclo que deve ser olhado por todos os ângulos, e não separadamente, por serem processos que ocorrem simultaneamente.

O consumidor brasileiro é conectado e demanda tecnologia de ponta a custo acessível. Por isso, nosso país seguirá incubando novas ideias e servindo como laboratório para inovações disruptivas antes da chegada dessas soluções para o consumidor dos mercados maduros.

Diante deste contexto, o que acha essencial que o #ABX20 coloque em pauta?

Os eventos da Automotive Business sempre trazem ao debate relevantes e atuais tópicos de discussão. Para a edição de 2020, alguns temas que devem ser abordados são: como equacionar custos para oferecer produtos que atendam ao desejo do consumidor cada vez mais antenado com as tendências globais e também às demandas da legislação; o que já temos e o que ainda falta para que o Brasil receba carros autônomos, além de como ganhar escala nesta área nos próximos anos.

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