Luxo e tecnologia regem o varejo pós-covid

Luxo e tecnologia regem o varejo pós-covid

Com a premissa de que a pandemia acelerou a adoção do cuidado com a saúde pelo meio digital, os consumidores passaram a escolher ferramentas mais efetivas na hora consumir.

Fato é que o mundo tem se tornado mais experiente em tecnologia, e os consumidores passaram a confiar nessas soluções para as tarefas diárias mais simples.

Muitos idosos, por exemplo, passaram a comprar on-line e a pesquisar mais itens na internet adiantando um comportamento esperado para 2030. Parte dessas mudanças foram discutidas durante os primeiros dias do Retail’s Big Show, maior evento de varejo do mundo, promovido anualmente pela National Retail Federation (NRF), nos Estados Unidos.

COMPRAS SEMANAIS

Uma pesquisa da Oracle, divulgada durante o evento, levou em consideração a percepção de mais de 5 mil consumidores ao redor do mundo. Pessoas de países, como Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, China, Brasil, México, Itália, França, Alemanha e Emirados Árabes Unidos, foram monitoradas sobre seus hábitos de consumo e as mudanças que ocorreram ao longo da pandemia.

O material revela que 94% dos consumidores estão fazendo compras on-line semanalmente – 49% deles passaram, pelo menos, três horas da semana realizando compras virtuais. Além disso, um a cada três experimentaram fazer compras de mercado on-line pela primeira vez durante a pandemia.

Ao apresentar o material, Rose Spicer, diretora global de marketing de varejo da Oracle, destacou alguns pontos de atenção para os varejistas daqui em diante – número crescente dos shoppers on-line, experiência de compra além do produto focando em meios de pagamentos, segurança e programas de fidelidade, soluções de last mile, cuidados com a ruptura, desenvolvimento de marcas próprias e velocidade para implementar novas soluções e tecnologias.

MAIS TECNOLOGIA, MAIS VELOCIDADE

Adaptando-se aos novos hábitos de compras desenvolvidos em um mundo pós-pandemia, discutiu-se que o setor de varejo será impulsionado pela maior valorização da conveniência e por experiências mais conectadas. Em uma espécie de reinvenção do pick-up store, uma nova prática chamada de “Curbside” se popularizou entre os consumidores e varejistas norte-americanos durante a pandemia. Os pedidos são feitos por telefone ou on-line, embalados e colocados nos porta-malas dos clientes sem que haja interação entre as partes.

Nos Estados Unidos, boa parte das lojas físicas que permaneceram fechadas durante meses passaram a oferecer um ponto de coleta sem contato. O processo é simples: todo pedido deve ser pago antecipadamente pela internet e os clientes avisam por mensagem, telefone ou qualquer outro meio definido pelo lojista quando estão a caminho para que seus pedidos sejam colocados em uma prateleira fora da loja.

Para se ter uma ideia do avanço desta modalidade no mercado norte-americano, em 2020, de tudo o que foi vendido no digital, cerca de 20% passou por coleta sem contato.

Outro formato muito comentado e que tende a avançar, o Live Streaming (venda ao vivo) pode ganhar ainda mais protagonismo no setor de alimentos, principalmente em parceria com a indústria, que vai investir cada vez mais nesse tipo de ação.

No Brasil, Shoptime e Nespresso têm trabalhado bem o conceito. A partir de sua unidade Butique na Rua Oscar Freire, em São Paulo, a marca especializada em cafés oferece conteúdo diário ao vivo com especialistas, palestras, receitas e dicas de harmonização de café em que consumidores podem tirar dúvidas e comprar seus produtos escolhidos.

O novo conceito chamado de live store é uma mistura de um comércio eletrônico tradicional com transmissão ao vivo, muito comum na Ásia. Chamado de Butique em Casa, o canal da Nespresso pode ser acessado pelo site principal da marca.

O MERCADO DE LUXO PELO ALIBABA

O avanço da pandemia trouxe dificuldades para setores dependentes de atividades sociais. Com menos lugares para ver e ser visto, os adeptos do mercado de luxo diminuíram seus gastos, de acordo com uma estimativa da empresa de consultoria McKinsey. A estimativa é que o mercado global de bens de luxo tenha sofrido contração de 35% a 39% em 2020.

Em busca de novas maneiras de se envolver com o consumidor de luxo chinês e criar novas experiências de compras, o Alibaba tem trabalhado duas novas plataformas: o Tmall Luxury Pavilion e o Luxury Soho. A primeira abriga cerca de 200 marcas de líderes do segmento e tem recursos como jogos, personalização e live streaming. Já a segunda, trata-se de uma loja on-line para compradores da geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) com recursos interativos, incluindo realidade aumentada e revistas digitais.

Por meio da Tmall Luxury Pavilion, a marca Moschino lançou a coleção Primavera/Verão de 2021 com um show digital com marionetes com recursos da realidade aumentada para os mais de 700 milhões de consumidores do site chinês.

A estratégia tem funcionado bem em meio ao período pandêmico já que antes disso, os consumidores chineses de luxo costumavam comprar e conhecer essas marcas durante as viagens para fora do país. Como esses consumidores passaram a fazer compras dentro de casa, o luxo digital ganhou espaço para crescer.

No último “11-11”, o festival global de ofertas do Alibaba, das mais de 200 marcas de luxo que participaram, 65 estavam ali pela primeira vez. A data foi marca pelo lançamento de mini coleções, por apresentações de itens antes indisponíveis na China e mais de 100 mil vídeos foram compartilhados por 1,5 bilhão de pessoas no país.