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Leia maisAo testemunharmos mudanças significativas nas preferências e comportamento de compra dos clientes, percebemos sua tendência de definir os produtos não somente por suas características intrínsecas, mas também pelas ofertas de serviços agregados.Conectividade, pós-vendas, seguros e financiamentos são alguns itens que entram na equação da escolha da marca e do modelo. Estes aspectos têm impacto cada vez maior na experiência de compra e de propriedade do veículo e, consequentemente, na lealdade à marca.Tais serviços são cada vez mais definidos por um apetite crescente pelo mundo digital, impulsionando a inovação nos produtos e processos automotivos à convergência entre o mundo real e o virtual.

Por CARLOS CAMPOS
Concessionária digital e os novos consumidores conectados
Ser competitivo neste cenário demanda que montadoras e concessionários se reinventem abraçando a nova tecnologia com o olhar e preferências dos consumidores. Para as montadoras, é uma maravilhosa oportunidade de aproximação dos clientes. O modelo de acesso ao mercado, mediado por Lei Federal pelos concessionários, evidencia um distanciamento entre os fabricantes e seus consumidores.Até hoje, há revendedores que não compartilham sua base de clientes com a marca, pois, apesar de não a explorarem como deveriam, entendem ser este o seu principal ativo estratégico.Esquecem-se que a montadora detém todos os dados de garantia e que juntos poderiam promover uma experiência de marca muito mais impactante e significativa.
Este distanciamento é agravado pelo fato de o cliente estar hoje melhor informado. O processo decisório começa muito antes da chegada ao showroom. Eles buscam informações em sites automotivos e possuem nas redes sociais fonte mais confiável ou isenta para formar sua opinião antes de ir às compras. Não necessariamente optam pela loja mais perto da sua residência ou do trabalho e preferem primeiro se conectar remotamente, ao invés de realizar uma visita presencial. Esperam uma experiência de marca uniforme, comparável com as que possuem em outras indústrias. Gravitam cada vez mais intensamente em direção ao e-commerce, e esperam algo similar na indústria automotiva.

Com a internet e a digitalização de todos os setores da economia, torna-se imperativo que as marcas alinhem seus serviços a estas novas tecnologias. Uso de tablets, TV digitais, simuladores virtuais, gestão de mídias sociais e websites, CRM e apps de relacionamento são alguns exemplos de práticas crescentes em muitas montadoras ao redor do mundo. Não é possível ver em futuro próximo uma única concessionária sem vários destes itens implementados em sua operação tanto em vendas como no pós-vendas.
Duas tecnologias despontam nesta tendência: wearable (como o Google Glass), alavancando a mobilidade, e realidade virtual (por exemplo, os Oculus Rift), ambas enriquecendo e assegurando experiências ricas a um maior número de clientes potenciais.
Algumas marcas de luxo têm flertado com iniciativas de concessionárias digitais, mas limitando-se a equipá-las com paredes de vídeo e superfícies sensíveis ao toque.
É importante frisar que interação digital também requer planejamento e monitoramento cuidadosos, a fim de empacotar tecnologias e desenhar os processos e as informações para agregar valor à experiência. Não basta equipar a rede com painéis e tablets. Ingressar neste mundo exige um esforço de integração das marcas em toda a cadeia para conseguir perfeita simbiose entre tecnologia e experiência. Exige repensar e redesenhar toda experiência de compra do cliente para, assim, produzir os resultados almejados e retornar o investimento na tecnologia. Exige alinhamento entre a tecnologia e o perfil das pessoas que irão interagir com o consumidor neste novo ambiente.
Este repensar deverá levar em consideração as oportunidades de digitalização e oferta de mobilidade em todos os aspectos da vida do cliente e deve buscar a máxima personalização da experiência, tratando cada cliente como único. Desenhar propostas de vendas, de financiamento, de avaliação do usado, de renovação de frotas, contratos de serviços e garantia de formas customizadas será ações necessárias que, ao mesmo tempo, trarão oportunidades.
Hoje em dia, por exemplo, vemos uma corrida de várias marcas para oferecer o maior período possível de garantia aos carros. Antes a média era de dois anos, hoje há montadoras oferecendo seis anos de garantia no veículo novo e a oferta é para o mercado todo. Por que não deixar o cliente decidir quantos anos ele gostaria de comprar de garantia? Ele poderia ter uma oferta mais acessível, caso esteja planejando usar o carro por um ou dois anos, por exemplo.
Além da personalização, o papel do e-commerce dentro do setor também merece atenção. Comprar pela internet é uma prática já familiar para os consumidores, mas relativamente nova ou quase inexistente para a indústria automotiva. Os clientes fazem a maior parte de sua pesquisa pré-compra online, mas não continuam no processo. Eles esperam serviços on-line de fabricantes de automóveis tais como venda de peças de reposição, acessórios, contratos de serviços, e até mesmo a compra de carros, juntamente com o agendamento da entrega. O veículo deve ser levado em uma concessionária conveniente ou mesmo na residência do consumidor. Na verdade, muitos clientes estariam abertos a comprar um carro on-line, embora a maioria dos fabricantes ainda esteja longe desta realidade.
Vale lembrar que, no ano 2000, a GM tinha em mãos o projeto Blue Macaw, desenhado para lançar o Celta em um plano muito ambicioso, cuja concepção buscava implantar o modelo da Dell dentro do mercado automotivo. O cliente poderia configurar e comprar o seu carro totalmente online. Era um conceito muito avançado para a época; a ideia sofreu resistência pela rede Chevrolet. Os concessionários apontavam que os clientes não estavam familiarizados com o e-commerce. Eles temiam ainda a desintermediação do acesso ao mercado, com a montadora assumindo o contato com o consumidor. O projeto foi reduzido à compra dentro da concessionária, forçando o cliente a vir até a loja e seguir o mesmo padrão geral do processo de vendas que conhecemos. Se fosse lançado hoje, pelo menos a aceitação do mercado tenderia a ser diferente.
Não há uma estratégia digital única que pode servir a todas as montadoras e concessionários. O que é necessário é um modelo de gestão de negócios automotivos com hierarquia de interações que conduzam a uma boa gestão da experiência do cliente. Os objetivos não se alteram: lealdade, vendas e rentabilidade. O fundamental é ter em mente que, ao iniciar qualquer ação rumo à digitalização, deve-se assumir que o cliente vem antes da tecnologia, pois está muito nítido que o futuro do varejo automotivo pertence cada vez mais a ele.
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