Como o comércio deve reabrir no Brasil, segundo entidades varejistas

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Um dos principais debates em meio à pandemia do novo coronavírus se dá acerca da reabertura do comércio. Entre discussões, apenas uma coisa é certa: não há clareza sobre como será a retomada das atividades, muito menos sobre uma data para que as lojas voltem a abrir as portas.

Enquanto isso, o Brasil observa outros países que tiveram diminuição na curva de contaminação abrirem suas lojas e restaurantes novamente. Alemanha, Nova Zelândia e até a Itália, o sexto país mais afetado pela COVID-19, já reabriram o comércio.

A NOVAREJO falou com importantes entidades que representam o varejo brasileiro para entender as demandas do setor na reabertura.

Para os lojistas de shopping center e o setor de franchising, alguns municípios podem permitir imediatamente a abertura dos estabelecimentos. Outras entidades, porém, pregam cautela e a retomada depois da diminuição da curva de contaminação.

Alguns shoppings já podem reabrir

A situação no setor de shopping centers não é nada animadora. Apenas 12% dos 105 mil lojistas de shopping centers no Brasil estão com as portas apertas. Mais de 480 dos 577 shoppings brasileiros estão fechados.

Desde o início do isolamento social, os lojistas registram prejuízo estimado em R$ 27 bilhões pela entidade que representa o setor, a Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping). Cerca de 300 mil postos de trabalho devem ser fechados nas lojas em shoppings.

O presidente da Alshop, Nabil Shayoun, defende a reabertura dos shoppings em cidades menos afetadas pelo coronavírus, onde os sistemas de saúde não estão sobrecarregados.

“Entendemos que esta é uma situação insustentável. Quem administra e analisa com bom senso não pode usar a mesma da capital para o interior. São situações completamente diferentes”, argumenta Shayoun.

Segundo Shayoun, a abertura em grandes centros, onde a crise é mais severa, não deve acontecer agora.

Para apoiar a reabertura dos shoppings com o menor risco possível à saúde, a Alshop propôs ao poder público a adoção de 20 medidas de higiene.

Entre as medidas estão horário de funcionamento reduzido: das 12h às 20h; Controle de entrada dos clientes nas lojas conforme metragem do estabelecimento; Marcações no chão para orientar o distanciamento nas filas e obrigatoriedade do uso de equipamentos de proteção individual.

Os varejistas de moda devem passar por adaptações mais profundas. Não serão recomendadas as provas de peças em provadores, mas, caso haja necessidade, as cabines serão higienizadas. A devolução de peças após a prova deverá ser feita em um roller ou em um balcão de apoio;

Em lojas de calçados serão fornecidas meias descartáveis para prova de calçados e marcadores de piso para manutenção do distanciamento social. Bancos comuns nestes estabelecimentos já estão sendo higienizados com frequência nos shoppings que estão abertos.

Reabertura em fases

Para o setor de franquias, a volta à normalidade também passa por analisar a situação de regiões menos afetadas e abrir o comércio aos poucos nessas localidades.

“Uma reabertura deve começar pela análise da situação da pandemia em cada região, seguida de um planejamento de abertura em fases que reestabeleçam, inclusive, os fluxos que geram movimento para outros negócios – escolas, faculdades, trabalho presencial”, defende André Friedheim, presidente da ABF (Associação Brasileira de Franchising).

Como muitas franquias funcionam em shopping centers, as demandas dos dois setores estão intimamente ligadas. A ABF estima queda média de 70% no faturamento de seus associados, com os piores registros em municípios onde houve fechamento dos shoppings.

Friedheim afirma que haverá um protocolo básico para que as lojas voltem a abrir. Máscaras, limitação da capacidade de atendimento, distanciamento mínimo, oferta de álcool gel e rigorosas práticas de higienização farão parte do novo padrão.

O presidente da ABF acredita que o e-commerce deve manter sua força após a pandemia por poder contar com tecnologias contactless, que vão desde a entrega sem contato – adotada pela maioria dos players de delivery –, até lockers para retirada dos produtos comprados online, algo que já vinha ganhando popularidade antes da crise.

ABComm: ficar em casa ainda é o melhor remédio

Para a entidade que representa o comércio eletrônico no Brasil, o isolamento social ainda é a medida mais eficiente para conter o avanço da pandemia de COVID-19 no País.

Rodrigo Bandeira, vice-presidente da ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico), afirma que o isolamento social “funcionou em diversos lugares do mundo para o achatamento da curva de contaminação e quanto antes cumprirmos essas medidas, mais cedo sairemos dessa situação”.

Para ele, muitas mudanças vão acontecer e a legislação brasileira precisar de uma atualização para favorecer a operação do e-commerce no Brasil.

Porém, é importante que as entidades não olhem somente para suas próprias demandas neste momento. “Não adianta em nada essas mediadas se cada um de nós colocar na mesa sua inquietação e resolver sair de casa”, afirma Bandeira.

Bares e restaurantes só depois do achatamento da curva

Um em cada cinco bares e restaurantes não deve sobreviver à crise atual. A estimativa da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) é otimista, segundo Paulo Solmucci, presidente da entidade. A proporção de empresas do setor que fecharão as portas por causa da pandemia do novo coronavírus pode chegar a 40%.

Ele afirma que o cenário econômico do setor é de “terra arrasada” e que mesmo os estabelecimentos que conseguirem um retorno às atividades não têm garantia da continuidade de seus negócios até o fim do ano. Até um milhão de empregos podem ser perdidos.

Solmucci defende reabertura dos estabelecimentos após queda na curva de contaminação. Essa retomada se daria sem horários restritos, para evitar aglomerações nos bares e restaurantes. “Quanto mais amplo for o horário, maiores as chances de atender a população sem aglomeração. Se há limitação de horário todos vão ao mesmo tempo”, explica o executivo.

Na volta aos trabalhos, os restaurantes e bares deverão garantir distância mínima de um metro em cadeiras ocupadas. Esta medida vai reduzir a capacidade de atendimento – nos grandes centros, a estimativa é que os estabelecimentos mantenham apenas um terço de sua capacidade original.

Por isso, a entidade vai pedir aos municípios que permitam o uso das calçadas sem cobrança para garantir oferta próxima aos níveis pré-crise.

O setor ainda pede que o governo federal defina as normas para reabertura dos estabelecimentos. Assim, os bares e restaurantes teriam mais segurança para implantar as medidas necessárias.

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