Clientes ainda esperam por entregas de mais de 150 mil motos

Clientes ainda esperam por entregas de mais de 150 mil motos

Clientes ainda esperam por entregas de mais de 150 mil motos

A Abraciclo, entidade que reúne os fabricantes do setor de duas rodas, calcula que os fabricantes de motos instalados no Polo Industrial de Manaus (PIM) estão devendo algo entre 150 mil e 200 mil unidades a entregar aos clientes, que em alguns casos estão em filas de espera há mais de três meses. A associação informa que o descompasso entre oferta e demanda aquecida ainda é reflexo das paralisações das linhas de produção no PIM em abril e maio de 2020 para conter a pandemia de coronavírus, depois a volta ao trabalho com capacidade reduzida nos meses seguintes e agora com novas restrições trazidas pelo alastramento descontrolado da Covid-19 no Amazonas.

“Até agora não conseguimos tirar a diferença do que deixamos de produzir com as paradas de dois meses. Se produzimos perto de 100 mil motos por mês, é algo próximo disso que ainda não entregamos. Estava nos planos atender toda essa demanda no primeiro trimestre, mas as novas restrições à produção em Manaus nos colocam dificuldades adicionais”, avalia Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo.

Segundo o dirigente, a projeção era produzir cerca de 100 mil motos em janeiro, mas este número deve cair à metade, 50 mil, com a paralisação nesta última semana do mês da maior fábrica do PIM, a Honda, e o trabalho em ritmo reduzido a apenas um turno nos demais fabricantes.

Fermanian aponta que toda a cadeia do setor está impactada. A imposição de restrições à circulação e toque de recolher em Manaus prejudica o acesso dos empregados e reduz o ritmo de produção, seja por falta de pessoas, componentes ou ambos.

“Com todas as restrições que tivemos para produzir em 2020, com adoção de protocolos para manter o distanciamento entre as pessoas, o ritmo das fábricas caiu e não conseguimos compensar os meses parados. Precisamos contratar mais funcionários e mesmo assim a produtividade caiu de 91 motos produzidas por empregado em 2019 para 75 no ano passado”, explica Fermanian. “Por isso até agora temos esse descompasso entre produção e demanda”, resume.

De acordo com o presidente da Abraciclo, a procura por motos aumentou no mesmo compasso em que a pandemia fez crescer as compras on-line e as entregas por motofretes, que se transformaram em válvula de escape contra o desemprego e falta de renda. Assim o aquecimento da demanda por motos aumentou o déficit de produção e os concessionários terminaram 2020 quase sem estoque para pronta-entrega.

“Existem clientes com financiamentos aprovados à espera de motos. A pendência também é alta na entrega para consorciados (que foram comtemplados ou pagaram lance). Hoje a produção não consegue atender. Esperávamos resolver tudo até o fim de março, mas com as dificuldades adicionais em Manaus pode ser que demore um pouco mais”, lamentou Fermanian.