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Agronegócio mineiro está otimista para 2020
A recuperação ainda lenta da economia em 2019 impediu um avanço mais expressivo do agronegócio de Minas Gerais. Mas, para os representantes do setor rural, as ações implantadas pelo governo federal, como a redução da taxa de juros, o controle da inflação e a aprovação da reforma da Previdência e da Lei da Liberdade Econômica, foram favoráveis para equilibrar o mercado e a expectativa é de um melhor cenário em 2020. Em âmbito estadual, o projeto Minas Livre Para Crescer, programa de liberdade econômica, também deve contribuir para a evolução do setor.
De acordo com o presidente do Sistema da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema Faemg), Roberto Simões, 2019 foi um ano desafiador, mas no qual, devido às medidas adotadas pelos governos, a economia brasileira começou a mostrar reações, o que faz com que as expectativas sejam otimistas para 2020.
“Em 2019, em Minas Gerais, tivemos uma certa estabilidade no início do ano e, agora, no final já podemos quilatar alguns crescimentos em safra de grãos e no Valor Bruto da Produção (VBP). As exportações tiveram alguma queda de valor, principalmente, por preços desfavoráveis dos nossos produtos. Foi um ano que, apesar das dificuldades, foi de boas realizações. O clima geral é de otimismo com algumas medidas já adotadas pelos governos federal e estadual e que já vêm apresentando alguns resultados. Existe uma expectativa de crescimento para 2020”, disse Simões.
VBP – Segundo os dados da Faemg, neste ano, a estimativa é de que o Valor Bruto da Produção (VBP) no Estado, com base nos dados de janeiro a outubro de 2019, encerre o ano em R$ 66 bilhões, alta de 5,8% frente a 2018. O VBP dos produtos agrícolas está previsto em R$ 37,2 bilhões, elevação de 1,6%. Já o VBP dos produtos pecuários está 11,7% superior e projetado em R$ 28,8 bilhões.
Safra de grãos – A safra 2018/19 de grãos, em Minas Gerais, foi recorde com a colheita de 14,2 milhões de toneladas. Foram produzidas 5,05 milhões de toneladas de soja e 7,46 milhões de toneladas de milho. Para 2019/20, a previsão é colher 14,31 milhões de toneladas de grãos, o que, se concretizado, ficará 0,7% maior.
Para a soja, a perspectiva é produzir 5,41 milhões de toneladas, 6,6% a mais em relação à safra 2018/19. Para o milho, a previsão é colher 7,3 milhões de toneladas, queda de 3,1% frente ao mesmo período. “A previsão para a safra 2019/20 é conservadora devido ao atraso do período das chuvas, o que adiou o início do plantio. Isso pode afetar a decisão do produtor em investir na segunda safra, já que a janela de plantio ficou menor e o risco climático aumenta. A perspectiva é de que Minas Gerais plante mais soja, devido à liquidez mais favorável que a do milho”, explicou o analista de agronegócio da Faemg, Caio Coimbra.
A coordenadora da assessoria técnica da Faemg, Aline Veloso, afirma que as expectativas para 2019 eram de melhores condições macroeconômicas, direcionadas em nível nacional para as reformas estruturais, como a da Previdência e Tributária. Em âmbito federal, o governo empreendeu ações para tentar um equilíbrio macroeconômico, baseado em inflação baixa e estável, buscando equilíbrio das contas públicas. Uma ação bastante forte foi a dos cortes consecutivos da taxa de juros no Brasil, possibilitando, com isso, benefícios ao setor produtivo e agregação de valor.
Ainda conforme Aline, com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no acumulado do ano até o terceiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) nacional deve crescer 1%, estimado em R$ 1,842 trilhão. A agropecuária brasileira avançou 1,4%, superando o índice de outros setores, como a indústria (0,1%) e serviços (1,1%).
“Algumas medidas adotadas levaram a um crescimento, ainda que pequeno. Claro que há sempre uma expectativa maior, mas outras mudanças precisam ser colocadas em prática para favorecer a economia. Vale destacar que, em 2019, ainda que a agropecuária tenha contribuído para o desempenho positivo do PIB, os custos de produção ficaram maiores, o que compromete a estrutura de renda das fazendas”, pondera.
Em relação às ações do governo de Minas Gerais, o setor ainda aguarda medidas voltadas para a melhoria da infraestrutura e da legislação ambiental, que são importantes para o desenvolvimento do agronegócio. Aline destaca ações positivas da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), como a retomada das discussões das câmaras técnicas, o que pode aproximar o setor produtivo do Executivo.
Exportações em Minas
As exportações do agronegócio mineiro somaram US$ 6,39 bilhões, queda de 2,5%. Os produtos foram destinados a 165 países. Os principais importadores do setor no Estado foram a China (US$ 1,57 bilhão), Estados Unidos (US$ 723,38 milhões), Alemanha (US$ 628,91 milhões), Itália (US$ 375,44 milhões) e Japão (US$ 344,38 milhões).
Principais produtos exportados:
Café e derivados – o faturamento dos embarques somou US$ 2,8 bilhões, com a exportação de 21,7 milhões de sacas, alta de 17,1% no valor e 37,1% no volume na comparação com igual período de 2018. Os principais parceiros foram Estados Unidos (US$ 563,5 milhões), Alemanha (US$ 544,8 milhões) e Itália (US$ 290,1 milhões).
Complexo soja – os embarques somaram US$ 1,2 bilhão e 3,2 milhões de toneladas, queda de 32,3% e 25,9%, respectivamente. A redução da demanda da China, principal comprador, vem impactando fortemente o desempenho do setor.
Complexo carnes – o faturamento chegou a US$ 815,11 milhões, elevação de 18,8%. A carne bovina apresentou a maior receita, de US$ 617,12 milhões, respondendo por 75% das vendas do grupo. O aumento se deve à demanda crescente da China, que ultrapassou importantes e tradicionais parceiros como Hong Kong.
Complexo sucroalcooleiro – As exportações movimentaram US$ 593,33 milhões, queda de 11,8%. Em volume, o recuo foi de 5,7%, com a exportação de 2 milhões de toneladas.
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